Incêndios e saúde mental

Os incêndios provocam destruição à sua passagem e levam também ao surgimento de problemas se saúde até problemas de saúde mental.
Incêndios

Os incêndios destroem casas, locais de trabalho, deixam pessoas desalojadas, causando simultaneamente problemas se saúde como asma, obstrução pulmonares crónica e até problemas de saúde mental. O impacto dos incêndios na saúde mental não podem, nem devem ser ignorado. Até porque, segundo a organização de saúde mundial (OMS) são uma das principais causas de incapacidade no mundo.

Estudos indicam que a exposição direta a incêndios de larga escala aumenta significativamente o risco de desenvolver perturbações de saúde mental, particularmente stress pós-traumático, depressão e ansiedade.

Perturbação de stress pós-traumático

Depois dos incêndios, uma reação aguda de stress é comum e expectável, contudo, se esta reação persistir pode vir a tornar-se um problema de saúde mental. Na realidade os dados indicam que quem se encontra exposto aos fogos tem três vezes mais probabilidade de desenvolver stress pós-traumático.

Para funcionarmos no dia-a-dia o nosso cérebro precisa de processar a informação e gerir as memórias de uma forma que nos ajuda atingir os objetivos, ignorando e dispensando distrações irrelevantes ou até mesmo prejudiciais. O que acontece com as pessoas que estão expostas aos incêndios, de forma simplista, é que os seus cérebros ficam sobre-estimulados, o que acontece por se sentirem constantemente em modo de ameaça. Comprometendo assim, o funcionamento do dia-a-dia mencionado anteriormente. Sendo possível observar este tipo de alterações até cerca de 6 meses a um ano, após os fogos.

Depressão

A depressão é a segunda perturbação de saúde mental mais comum após os incêndios.  Com uma prevalência semelhante à perturbação de stress pós-traumático. Os estudos indicam que ao fim de 6 meses cerca de 15% da população que lidou diretamente com os incêndios poderá estar a sofrer de depressão.

A resposta emocional de solastalgia, frequente nestas situações, está associada a um aumento dos níveis de sofrimentos psicológico. A solastalgia diz respeito ao sentimento de perda e angústia, sem consolação, relacionado com a degradação das condições ecológicas do meio em que a pessoa vive e/ou cresceu.

Ansiedade

Embora existam menos estudos que tenham analisado a relação entre os incêndios e a ansiedade. Até ao momento estima-se que exista um aumento de cerca de 27% da prevalência da ansiedade na população que lidou diretamente com os incêndios.

Um dos mecanismos que leva os incêndios a aumentaria a prevalência da ansiedade é a consequência emocional e o turbilhão mental de lidar com a incerteza e a devastação das perdas e dados provocados pelos mesmos. Esta sensação de ansiedade não é obrigatoriamente desadequada ou desadaptada. A ansiedade pode até ter um propósito funcional, atuando como uma força motora para que a pessoa consiga agir após os incêndios. Contudo, é preciso ter em atenção que a determinada altura a ansiedade poderá deixar de servir o seu propósito funcional acabando por comprometer o funcionamento da pessoa, prejudicando a sua saúde mental e emocional. Nesse momento, é indispensável que se procure ajuda de um profissional de saúde mental.

A recuperação emocional depois deste tipo de situações pode ser extremamente desafiante.  Contudo é importante que se mantenha atento à sua saúde mental. É normal que se sinta mais emocional, ainda assim, deverá procurar ajuda de um profissional caso sinta:

  • Dificuldade em lidar com as emoções
  • Dificuldade em realizar as suas tarefas diárias
  • Preocupação excessiva consigo próprio ou com os que lhe são próximos

Dicas para lidar melhor

Aceitar o apoio da família e de amigos, falar com um psicólogo ou até com o seu médico de família, podem ser ferramentas úteis para lidar com as consequências psicológicas dos incêndios. Deixamos-lhe outras 8 dicas que podem ajudá-lo a cuidar da sua saúde mental nesta fase:

  1. Encontre oportunidades para passar tempo com outras pessoas.
  2. Converse com um amigo ou profissional de confiança sobre o que está a sentir.
  3. Participe em atividades prazerosas.
  4. Faça pausas frequentes nos trabalhos de limpeza.
  5. Faça exercício físico (caso a qualidade do ar não tenha de melhorar ainda, não faça exercício físico na rua)
  6. Alimente-se de forma saudável
  7. Durma tempo suficiente
  8. Evite usar substâncias como as bebidas alcoólicas ou drogas para aliviar o stress, pois estas podem levar a mais stress, ansiedade e sintomas físicos para além da adição.

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