A história da gestão de stress tem sido largamente reativa, isto é, o próprio conceito de stress surgiu como meio de denominar o stress que se tornou excessivo. Atualmente começa-se a adotar uma postura mais proativa. Surgindo a importância do conceito de resiliência.
Originalmente o termo foi usado em 1818 para descrever a propriedade da madeira em suportar cargas sem quebrar. Mais recentemente tem sido adotado por ecologistas para descrever a capacidade do ambiente familiar, da comunidade e até do meio ambiente para suportar desafios ou stress. Acabando por ser adotada também relativamente ao humano, quer na sua forma individual quer na sua forma coletiva.
O uso da termos resiliência relativamente ao indivíduo surge de pesquisas relacionadas com o trauma, em que existia um interesse em avaliar a capacidade de o individuo recuperar apesar das adversidades.
Apesar das diversas definições para a resiliência apontadas ao longo dos anos, todas elas apontam para três ideias principais:
- A capacidade de alcançar um resultado positivos apesar da adversidade,
- Continuar positivo ou a funcionar de formar efetiva apesar das circunstâncias adversas
- Recuperar depois de um trauma significativo.
Definir a resiliência como um traço em vez de um estado leva ao perigo de culpar a pessoa quando as coisas não correm bem, ignorando o constante potencial de crescimento.
A capacidade de resiliência diminui com o acumular de situações de risco, sendo difícil de definir o ponto de rotura de um individuo, isto é, quantas situações de risco são demasiadas situações de risco. Uma vez que tanto a história pessoal, quanto os aspetos situacionais têm um papel determinante.
As adversidades têm um custo, mas a resiliência em parte, diz respeito a deixar as adversidades para trás e conseguir superar a agitação da vida.
Assim, os psicólogos definem a resiliência como a capacidade da pessoa em manter-se relativamente estável, com boa saúde mental e bom funcionamento físico, após ser exposta a eventos potencialmente disruptivos e traumáticos.
Resiliência vs Coping
Os conceitos de resiliências e de coping, estão intrinsecamente ligados, uma vez que a capacidade de resiliência de uma forma geral diz respeito a recuperar o equilibro apesar das adversidades e da exposição aos contratempos. Ter boas estratégias de coping é indispensável para conseguir recuperar o equilíbrio e alcançar resiliência pessoal.
De forma simples, podemos afirmar que as estratégias de coping são o processo, enquanto a capacidade de resiliência é o resultado final.
A resiliência é vista como a capacidade de recuperar independentemente das adversidades e contratempos e é geralmente alcançada através de boas estratégias de coping. Por seu lado as estratégias de coping são uma componente chave que contribuem quer para a resiliência individual quer para a resiliência coletiva. É uma competência que pode ser adquirida.
7 características das pessoas resilientes
Acredita-se que os elementos da resiliência humana se centram em 7 características
- Pensamento inovador e não dogmático
A capacidade para ver os problemas de um novo angulo é uma competência chave para ultrapassar os obstáculos. O pensamento inovador caracteriza-se por ser um processo cognitivo altamente flexível e não dogmático, que permite maior eficácia no processo de tomada de decisão, e assenta na ideia de que se pode sempre encontrar uma solução para todas as situações.
- Determinação
Quando se chega a uma decisão é necessário agir de forma determinada. Muitas pessoas esperam pelo momento absolutamente certo. Infelizmente o momento absolutamente certo raramente chega, e quando chega por vezes é demasiado tarde.
A hesitação é características da tomada de decisão não resiliente, frequentemente minada pelo medo de cometer um erro ou falhar.
Um elemento indispensável da capacidade de tomar decisões é a noção de que somos responsáveis pelas nossas próprias ações, e por vezes assumir essa responsabilidade é difícil, especialmente quando a decisão leva a um resultado indesejado.
- Tenacidade (perseverança)
As vezes tomar uma decisão e agir sobre a mesma no tempo certo não é suficiente para se ser resiliente, ser persistente é essencial.
- Relacionamentos interpessoais e de apoio
Os relacionamentos interpessoais e de apoio poderão ser o indicador mais poderoso da resiliência humana. Estudos revelaram que a coesão social, com valores familiares tradicionais, orientada para a estrutura familiar, tem um benefício de apoio emocional, capaz de influenciar positivamente até a imunidade de doenças cardíacas.
- Honestidade e integridade
Integridade é a qualidade de fazer o que está correto, considerando não só o que é bom para nós próprios, mas também para os outros. Normalmente admiramos a integridade nos outros, é uma característica que nos leva a confiar e a sentir seguros.
- Autocontrolo e autodisciplina
Crê-se que o autocontrolo e autodisciplina potenciam a capacidade de resiliência. Até porque possivelmente as ações mais perigosas são as impulsivas, como por exemplo agressividade no transito, jogo, alguns tipos de violência doméstica que também estão relacionados com incapacidade de autocontrolo. Por outro lado, alguns dos comportamentos que promovem a qualidade de vida, como o relaxamento e o treino físico, requerem autodisciplina para serem praticados de forma consistente.
- Otimismo e visão positiva da vida
O otimismo é a tendência para olhar para a vida/coisas de forma mais esperançosa, é a tendência para esperar o melhor resultante, e a crença de que o bem prevalece sobre o mal.
As pessoas otimistas são mais perseverantes e resilientes do que as pessoas pessimistas, tendem a ser mais orientadas para a tarefa e empenham-se mais do que as pessoas pessimistas. Os otimistas normalmente toleram a adversidade melhor do que os pessimistas. As pessoas otimistas têm sempre uma razão para esperar entusiasmadamente por um novo dia.
Existem dois tipos de otimismo, passivo e ativo. O otimismo passivo consiste em desejar/esperar que as coisas corram bem no futuro. O otimismo ativo consiste em agir de modo a aumentar a probabilidade de que as coisas realmente corram bem no futuro.
Os comportamentos otimistas podem ser aprendidos.
Líderes resilientes e a cultura de resiliência
A resiliência humana não se limita a uma característica individual, pode se estender a grupos, organizações e comunidades.
A chave para organizações, famílias e comunidades resilientes é a criação de uma cultura de resiliência. A cultura de resiliência consiste num ambiente em que a resiliência e Resistência são não só promovidas, mas também parte dos valores base da cultura em si. A questão que se levanta é como criar uma cultura organizacional resiliente.
A melhor forma é através de uma liderança resiliente. Um líder resiliente serve como um catalisador que inspira os outros a exibir resiliência e Resistência, a exceder as suas próprias expectativas. Ajuda a criar uma cultura de resiliência, que a adversidade seja vista como uma oportunidade e o apoio seja omnipresente.
Está estudado que se 20% da população de uma organização adotar uma liderança resiliente, o seu impacto leva a um pontoo de viragem para a transformação de uma cultura resiliente.
O líder resiliente deve cumprir com três critérios:
- Credibilidade
- Ser um canal de informação
- Estar disposto a promover o sucesso dos outros.
São igualmente necessárias 4 características para num líder resiliente:
- otimismo
- Determinação,
- Integridade
- Comunicação aberta.